🧂 cimento, sódio & vazio
mar de cimento, cinza e solidão
pés afoitos cruzam os riscos
ricos de vontade, a espiar da janela
miseráveis de afeto, se cobrindo de cautela
o pulmão tornou-se pedra
o coração tornou-se pedra
os olhos tornaram-se espelho
cê não acha bonito, o reflexo?
mar de sódio, azul e imensidão
braços cansados remam os medos
transbordados de saudade, engasgados de silêncio
desprovidos de energia, tagarelando sofrimento
o pulmão tornou-se sal
o coração tornou-se sal
a língua tornou-se chicote
cê não acha triste, se cortar em verdades?
mar de vazio, dor e escuridão
versos incautos costuram os erros
ensimesmados de vaidade, a apontar o outro lado
carentes de si, se apoiando em outros passos
o pulmão tornou-se nada
o coração tornou-se nada
o peito rasgou-se em mil
retalhos, suturas, momentos
um saco de nada remendado em nada
prontinho pra se achar de novo